Desmistificando a alimentação durante o tratamento do câncer de mama - Hospital Haroldo Juaçaba
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Desmistificando a alimentação durante o tratamento do câncer de mama

Por Matheus Alves Fernandes

Com o avanço das ciências da nutrição, estigmas culturais e influencias do mundo
moderno, existem inúmeras dúvidas, angustias, anseios e mitos em torno da alimentação e
nutrição do paciente que faz tratamento oncológico, principalmente, naqueles que fazem
tratamento contra o câncer de mama. Dessa forma, ao iniciar tratamento com a quimioterapia,
radioterapia e pós-operatório (cirurgias) o mesmo possui uma série de incertezas mediante o que
pode ou não comer durante o tratamento.

Muitos dos pacientes fazem buscas ou adoções de dietas “mirabolantes” atrás de um
objetivo, isto é, esperança de cura no tratamento. Das principais dúvidas que existem são: posso
comer carne vermelha (porco e bovina)? Açúcar alimenta o câncer? Chás prejudicam a
quimioterapia? Leite é inflamatório? Glúten faz mal? Etc…

Dessa forma, essas questões apontadas anteriormente tornam-se bastante preocupantes no
cotidiano, visto que, existem pacientes que ao realizar tratamento oncológico utilizam de diversas
estratégias “exorbitante” ou restrições alimentares que prejudicam a boa relação com a comida ou
o estado nutricional, ocasionando como consequência a desnutrição, na qual é três vezes maior
observado em portadores de outras doenças, além da mama avançado.

Para tanto, com as inúmeras publicações científicas da nutrição perante as modalidades
de tratamento contra o câncer de mama, recomenda-se diversas estratégias e desmitificação da
alimentação nesses pacientes, as quais será explanado logo a seguir.

Dessa maneira, qual dieta devo seguir nutri? Bom, é recomendado seguir um padrão
alimentar baseado em Vegetais e dieta “Anti-inflamatória” ou seja, duas dietas que ajudam a
desinflamar o corpo e auxiliar na melhor resposta ao tratamento devido que suas interações
promovem quimioprevenção em certos tipos de cânceres de mama.

Mas atenção, ao realizar adoção desses padrões alimentares, na qual são um maior
consumo de alimentos de origem vegetais (legumes, frutas, verduras, sementes, castanhas) e
diminuição de alimentos de origem animal (carne vermelha, leites e derivados, ovos) nota-se
redução dos marcadores inflamatórios, além da melhor regulação do funcionamento intestinal
(previne prisão de ventre), cognição (melhora o funcionamento do cérebro) e redução de
complicações futuras advindas de comorbidades como diabetes mellitus, pressão alta, doenças do
coração e entre outras. Portanto, Dieta anti-inflamatória e baseado em vegetais de longo prazo
pode ser um meio de melhorar a sobrevivência de sobreviventes de câncer de mama, além de
previr o seu surgimento.

Nutri, ouvir falar que leite inflama, é verdade? Não!! Leite não inflama o corpo. Existem
algumas recomendações dos leites e derivados, e atualmente não existem nenhuma evidência de
grau forte que sugerem a sua remoção nos cardápios em pacientes saudáveis ou aqueles que fazem
tratamento contra o câncer, inclusive, o leite apresenta propriedades anti-inflamatórias por conter
vitaminas lipossolúveis (Vitamina K, E, D e A), vitaminas do complexo B, além de minerais como
cálcio, fósforo, como também probióticos (microrganismos vivos que regulam o intestino).Além
disso, está relacionado com fator de proteção para câncer de mama e intestino, logo, sua remoção
não seria indicada.

Essa classificação de alimentos inflamatórios também está inclusa aqueles que possuem
o glúten (tipo de proteína), não trazendo sequelas no corpo ao consumi-lo, apenas naqueles que
possuem doença celíaca (intolerância ao glúten) ou sensibilidade ao glúten não celíaco, as quais
são necessário a remoção do cardápio, fora isso, não existe motivos para remover no cardápio
visto que os alimentos que são zero glúten, tem baixa quantidade de vitaminas, minerais e
proteínas que são de suma importância durante o tratamento oncológico.


Mas ei!!! Caro leitor, ressalta-se a importância do consumo do leite, o mesmo sendo de
forma integral consegue contribuir bastante no favorecimento do estado nutricional de pacientes
desnutridos (aqueles que perderam muito peso) devido alto teor de gorduras e calorias que
contribuem no ganho do peso e recuperação da performance nutricional durante o tratamento.
Não existe um documento específicas, validado e com grau de evidência científica forte
que possam vim a sugerir um padrão alimentar específico, ou algumas observações em torno da
alimentação, citando por exemplo a inclusão ou retirada de carne vermelha, laticínios, sementes,
açúcar e entre outros. Sabe-se que, mediante as últimas publicação dos artigos científicos, sugere-se uma moderação e avaliação individual do consumo alimentar nos pacientes que fazem
tratamento oncológico no câncer de mama, para que possuem uma qualidade de vida.


As restrições que existem conforme o Consenso Brasileiro De Nutrição Oncológica
(SBNO – 2021) seria na recomendação da diminuição da ingestão das carnes vermelhas como
forma de prevenção do câncer, e ao consumir, preferir por duas porções por semana. As carnes
são alimentos ricos em proteínas e nutrientes como vitamina B12 e mineral Ferro, que contribuem
para recuperação dos pacientes com anemia e plaquetopenia (plaquetas baixas) devido os efeitos
adversos da quimioterapia, no entanto, é necessário atenção, visto que também são ricos em
gorduras saturadas, isto é, as que elevem o colesterol e outros compostos que inflamam o corpo
quando consumido de forma excessiva.

É necessário a inserção de temperos, ervas, sementes e oleaginosas (castanhas, nozes e
amendoim) no dia a dia, uma vez que suas propriedades contem antioxidantes e potencial antiinflamatório, além de possuir nutrientes específicos encontrados nos alimentos de origem vegetal
como os fitoquímicos, compostos bioativos, carotenoides (alimentos vermelhos e alaranjados) e polifenóis, além de outras classes nutricionais que contribuem de forma adjuvante durante os
tratamentos, boa resposta na recuperação dos pacientes.

Dessa forma, uma dica bem importante e interessante que você pode colocar no cotidiano
é os alimentos como o açafrão da terra, uvas roxas, suco de uva integral, ômega-3 (encontrados
em peixes), páprica, orégano, alecrim, castanhas, tomate, própolis (origem das abelhas), gengibre,
semente de abóbora, gergelim, linhaça (fibras) visto que são de suma importância para o
tratamento, as quais conseguem melhorar a resposta imunológica, intestinal e cerebral nos
pacientes de câncer de mama.

Restrições

Visualizando esse panorama, restrições alimentares por vezes também são necessárias,
principalmente aos chás muito concentrado, dado que fazem interação com determinadas drogas
quimioterápicas utilizados pelas pacientes de mama. É importante salientar que são necessários
mais estudos sobre este tema. Na dúvida, consulte um nutricionista com especialidade em
oncologia para ver as interações, forma de diluição, preparo e liberação durante o dia no
planejamento dietético.

A propagação no uso de suplementos alimentares se tornam bastante comum na prática
do nutricionista, tendo em vista que durante o tratamento oncológico, o paciente pode vir a
apresentar neutropenia (imunidade baixa), inapetência alimentar (falta de apetite), constipação
(prisão de ventre), mucosite (feridas na boca), corpo inflamado e plaquetopenia (plaquetas
baixas), que viabiliza a necessidade do complemento das refeições com os suplementos
nutricionais, visando o intuito de recuperar o estado nutricional, amenizar os sintomas do
tratamento, promover boa qualidade de vida e melhor resposta ao tratamento.

Todavia, vale ressaltar que é necessário conhecimento, moderação e interpretação dos
rótulos nutricionais, visto que alguns polivitamínicos ou encapsulados contendo determinados
compostos antioxidantes ou fitoterápicos (estudo das plantas medicinais), não são indicados na
prática clínica do nutricionista, visto que a suplementação desses compostos que atuam de forma
antioxidantes, poderá antagonizar o efeito de algumas drogas antineoplásicas, principalmente, os
que já foram testados por vários estudos, ou seja, as drogas doxorubicina, cisplatina, vincristina,
metotrexate e imatinibe. Por isso a importância de um acompanhamento com um nutricionista
para te orientar melhor.

Portanto, os princípios e fundamentos que regem alimentação nos pacientes oncológicos
são baseadas por meio do Guia Alimentar Para População Brasileira, lançado no ano de 2014 pelo
ministério da saúde e das recomendações das sociedades de cancerologia e nutrição.
Assim, é necessário uma alimentação com baixo consumo de alimentos industrializados processados, baixo consumo de calorias vazias, aumento no aporte de verduras, legumes, vegetais,
sementes, temperos naturais, ervas, grãos, e preparações de fácil aplicabilidade, são de suma
importância para melhorar a ingestão de todos os nutrientes ofertados e proporcionar qualidade
de vida e boa resposta ao tratamento quanto também na sua prevenção.
A seguir será listado dicas de hábitos de vida saudáveis e de boas práticas alimentares
para prevenir contra o câncer de mama.

Dicas Alimentares
• Fracionar a alimentação em 06 refeições por dia, reduzindo o volume.
• As refeições e lanches devem ser feitos em horários regulares todos os dias.
• É essencial manter a regularidade na quantidade de carboidratos (massas) todos os dias.
• Incluir uma porção de frutas em cada refeição.
• Preferir as frutas frescas em vez de seus sucos ou conservas em calda.
• Evitar alimentos ricos em sódio (sal) e usar pouco sal adicionado.
• Evitar hortaliças em conserva (milho, ervilha, aspargos, etc.), pois são ricas em sal. Em caso
de uso, drenar toda a água de conserva e enxaguar bem o vegetal.
• Evitar frituras e preparações ricas em gordura como carnes gordas, frango c/ pele.
• Escolher carnes magras e tirar toda a gordura visível e a pele.
• Escolher alimentos ricos em fibras, como os grãos e seus produtos integrais.
• Preferir leite, queijos e seus produtos integrais devido o teor de vitaminas e minerais.
• Mastigar bem os alimentos.
• Não beber refrigerantes e sucos industrializados, mesmo sendo diet.